O presidente Donald Trump disse nesta quinta-feira (13) que planejava impor tarifas sobre o Canadá e a França devido aos seus impostos sobre serviços digitais aplicados sobre gigantes da tecnologia dos Estados Unidos, o que tem sido uma irritação de longa data.
O Canadá, buscando enfrentar o desafio de tributar gigantes digitais como a Alphabet, dona do Google, e a Amazon, que podem registrar seus lucros em países de baixa tributação, começou a praticar o imposto em junho do ano passado.
Trump encarregou sua equipe econômica nesta quinta de elaborar um plano para impor tarifas recíprocas a todos os países que aplicassem taxas sobre importações dos EUA.
Um documento informativo da Casa Branca afirma que “apenas a América deveria ter permissão para tributar empresas americanas”, destacando que o Canadá e a França usaram impostos sobre serviços digitais para arrecadar cada um mais de US$ 500 milhões por ano de empresas americanas.
“No geral, esses impostos não recíprocos custam às empresas americanas mais de US$ 2 bilhões por ano. Tarifas recíprocas trarão de volta a justiça e a prosperidade ao sistema de comércio internacional distorcido e impedirão que os americanos sejam explorados”, diz o documento. Não foram fornecidos mais detalhes.
No ano passado, sob a administração anterior de Biden, Washington solicitou consultas para a resolução de disputas comerciais com o Canadá sobre o imposto, chamando-o de discriminatório. O gabinete do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau não estava imediatamente disponível para comentar.
Outros países, como Brasil e Índia, também são citados no documento da Casa Branca. O etanol brasileiro é o primeiro da lista elencada pelo governo de exemplos de tarifas consideradas injustas. “A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil”, diz parte do texto.
Na análise de Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, outros produtos brasileiros também podem estar na mira.
“Alguns estudos mostram que, realmente, o Brasil tem uma tarifa elevada para produtos americanos, enquanto os EUA têm tarifas menores para produtos brasileiros. Alguns segmentos são: minério de ferro, aço, carnes, etanol, café, o que eles chamam de ‘food preparation’. O Brasil deve sofrer algumas imposições em relação a esses produtos.”
As tarifas recíprocas anunciadas nesta quinta serão impostas “país por país” após estudos, começando pelos países com os quais os EUA têm o maior déficit comercial. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, afirmou que os estudos devem estar prontos até dia 1º de abril.
As tarifas não devem entrar em vigor nesta quinta e seriam impostas ao longo das próximas semanas.