Vale diz que menor investimento não conflita com governo – 20/02/2025 – Mercado

Vale diz que menor investimento não conflita com governo – 20/02/2025 – Mercado

A Vale afirmou nesta quinta-feira (20) que o corte de investimentos anunciado no dia anterior é resultado de um esforço para redução de custos, não de suspensão ou cancelamento de projetos.

“Não estamos deixando de fazer nada”, disse o presidente da mineradora, Gustavo Pimenta, em entrevista coletiva para detalhar o lucro de R$ 31,6 bilhões registrado pela empresa em 2024.

O corte foi anunciado dias depois de evento em que Vale e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) selaram as pazes sob a promessa de R$ 70 bilhões em investimentos pela mineradora.

Após o evento, que ocorreu na sexta (14), Pimenta disse que a agenda da empresa era convergente com a do governo e que iria acelerar projetos de investimento.

Ao divulgar o balanço de 2024, porém, a Vale reduziu sua projeção de investimentos para 2025 de R$ 37,5 bilhões para R$ 33,6 bilhões.

O vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da companhia, Marcelo Bacci, disse que o menor valor representa revisões nos projetos para reduzir custos com construção e insumos.

“Fizemos um pente fino [nos projetos], olhamos oque poderia ser feito em termos de otimização, trabalho com fornecedores, oportunidades e concluímos que US$ 5,9 bilhões [R$ 33,6 bilhões em investimentos] é um número mais adequado”, afirmou.

“Não significa que a Vale vai investir menos em escopo, ela vai fazer as mesmas coisas que estavam previstas de uma maneira mais eficiente”, completou o executivo.

Questionado sobre o impacto do corte no relacionamento com o governo, Pimenta disse não ver conflito, reforçando que a Vale é uma grande investidora no país. “Vejo como uma agenda que segue convergente”, afirmou.

A reaproximação com o governo é uma das prioridades de Pimenta, que assumiu a Vale no fim do ano passado após um conturbado processo de sucessão que ganhou contornos políticos com pressão de Lula para emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.

“Nosso setor naturalmente tem alto grau de interface com o Estado, sejam reguladores, sejam ministérios, sejam estados, sejam municípios”, justificou o presidente da mineradora.

Ele disse que o objetivo é articular parcerias para desenvolver o “enorme potencial do Brasil para ser o líder em minerais de transição energética”, aqueles necessários para projetos de energias renováveis ou de eletrificação da economia.

Uma das formas de parceria, respondeu, seria no licenciamento ambiental, com contrapartidas ambientais, como reflorestamento, para a liberação de projetos de mineração.

Ele citou como exemplo a Floresta Nacional de Carajás, onde a Vale tem suas mais importantes operações hoje em dia.

“A gente opera usando de 2% a 3% do território. Isso para mim é parceria onde a gente consegue demonstrar que é possível fazer mineração responsável, sustentável e preservando o meio ambiente.”

É lá que estão os projetos anunciados ao lado de Lula na sexta. Parte dos investimentos são destinados à ampliação da produção de minério de ferro e parte em cobre, um dos minerais da transição.

Pimenta reconheceu que o pacote celebrado na ocasião inclui projetos já aprovados em outros anos, mas disse que há uma mudança na gestão desses projetos, que ganhará uma diretoria exclusiva chamada Nova Carajás.

“Nunca tivemos um foco no desenvolvimento de Carajás. Agora estamos criando uma diretoria de novo Carajás. vai ter uma pessoa 100% dedicada”, afirmou.

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